Para a maior parte de nós, a vida fundamenta-se sobre dois pilares: aceitação e rejeição.
São dois termos antagônicos, mas que andam aos pares. A aceitação, antevê a oportunidade de autoafirmação e posiciona-se como salvador da pátria, numa cultura manipulada pela exclusão.
A rejeição é recusada, numa sociedade que foge da tristeza e do sofrimento, porque não sabe, conviver com ambas. Nem a aceitação e nem a rejeição existem, de fato, mas viajam no reino da imaginação humana. Acabam por ser materializadas e confundem-se com a realidade. No entanto, esqueça a ambos. Você não está no mundo, nem para ser aceite, nem para ser rejeitado, mas para viver a sua experiência (de vida, de mundo, consigo, com situações, coisas, pessoas e objetos).
O valor da experiência foi tratado pelo psicólogo norte-americano Carl Rogers (1902 – 1987) como o princípio básico da formação pessoal. Ou seja, estamos aqui para dialogar com as vivências, interna e externa, para fazer nascer relações e relações, que se configuram com experiências ímpares e singulares, o que torna o objeto do viver mais real e imprescindível do que basear-se em dois pilares escravizadores (leia-se aceitação e rejeição).
O homem vive, independentemente de ser aceito por outrem. Você só toma conhecimento da aceitação, se é materializada em alguma relação. Se não, não há aceitação. E você segue para a frente. O homem vive, independentemente de ser rejeitado. Mais importante que o objeto da rejeição (ou, a razão dela), é como se relaciona com ela.
Se você se relacionar mais com si mesmo(a), a relação com o objeto da rejeição (alguém pode lhe desprezar, ser indiferente ou não te enxergar, o que é do jogo das relações sociais) torna-se insignificante. Com isso, a pessoa só maximiza os efeitos de uma indiferença, se estiver vulnerável a ela. Acrescendo valor à experiência (de ser, de viver, de estar, de pensar, e todos os verbos associados) não haverá sentidos para a rejeição ditar as regras.
Cabe, portanto, dar valor a si, por meio da própria experiência de ser. Suplantar a vida em aceitação é um “tiro no pé”, pois seu movimento humano passa a ser cadenciado pela opinião alheia, o que é indigesto e injusto. Da mesma forma, a rejeição imaginária não merece ocupar um posto de valor, pois a própria experiência do indivíduo é mais substancial do que qualquer ato de desaprovação alheio.
Em resumo: o desafio é não fixar sua experiência pela vida e pelo mundo nesses dois pilares. Não vale à pena. Não é viável e, mais que isso, é um desinvestimento de energia qualificável. Viver é experienciar e experienciar é viver. Nada é mais valioso do que a experiência, em si.
Praticar a autoaceitação é o caminho para fertilizar a experiência. E é com ela que você seguirá construindo a grandeza de sua história e passagem por esse plano.